Os modernistas acreditavam que o
desenho da cidade seria o propiciador de um mundo mais igualitário e que a
estrutura urbana poderia ser conformada racional e funcionalmente de forma a se
atingir o bem-estar social. Porém, o esquematismo e o excesso de racionalização
que concebia a habitação padronizada sem qualquer relação com a identidade do
morador provocaram fortes críticas por parte das gerações mais novas. O
chamado, Team 10, foi buscar no resgate das categorias da cidade tradicional um
maior sentido de comunidade e identidade, uma construção de relações mais
imediatas entre o núcleo familiar e o grupo social, entre a residência e os
espaços coletivos.
A relação público-privado é
apresentada por Hertzberger sob o ponto de vista, do grau de acesso aos espaços.
O Autor define o espaço público como sendo uma área “acessível a todos a
qualquer momento”, mas que não se pode entender a oposição desse espaço em
relação ao espaço privado de modo rígido, sem matizes. As gradações de acesso,
cujos espaços correspondentes o autor chama de semi-públicos e semiprivados,
são resultantes de qualidades espaciais designadas pelo grupo social usuário ao
mesmo tempo em que são produtos da demanda e do projeto: “O grau de acesso de
espaços e lugares fornece padrões para o projeto. A escolha de motivos
arquitetônicos, sua articulação, forma e material são determinados, em parte,
pelo grau de acesso exigido por um espaço”.
Herman Hertzberger é um arquiteto que
não traz soluções prontas em seus projetos, mas deixa espaço para o usuário
intervir á seu modo. Defende a ideia de que não deve existir oposição entre
espaço público e espaço privado, e sim “gradações” de acessibilidade; luz,
cores, formas e funções que são definidas apenas pelo material utilizado.
Para ele, a fase com maior importância, é a fase de concepção do projeto, e
todo esse cuidado fica evidente em cada obra sua executada. Hertzberger
já projetou vários edifícios dentre os premiados, estão os edifícios
escolares.
Para que haja uma fácil compreensão
das relações Público x Privado, usaremos como exemplo, uma escola.
Mesmo que uma escola seja
pública, seu espaço é destinado a um determinado público e restrito aos
demais. Existe um controle de entrada e saída, os ambientes não podem ser
abertos a todos. Desta forma, apesar de a escola ser construída e administrada
pelo poder público, seu espaço é considerado privado.
A grande maioria das escolas, possuem
seus espaços claramente definidos e separados por muros.
Figura 1 - PÚBLICO X PRIVADO |
Um bom exemplo de como trabalhar a
relação ESCOLA X CIDADE, seria criar uma área de arborização, que
encontraria-se fora do muro, mas ainda assim dentro do terreno da escola.
Por estar dentro do terreno da escola, esse espaço não se classificaria como
um "espaço de ninguém", pois pertence a escola e aos usuários
(alunos, funcionários e pais), sendo assim, possuiria manutenção e segurança
proporcionada pelo "olhar" dos usuários, citado por Jane Jacobs em
seu livro, "Morte e vida das grandes cidades". Subentende-se que esse
espaço não seria classificado com um em que qualquer indivíduo possa utilizar. E por
estar fora do muro, não precisa haver um controle de circulação, entrada ou
saída. Portanto, seria um espaço de transição, o chamado: SEMI-PÚBLICO.
Havendo essa área de arborização,
quando os responsáveis viessem buscar os alunos na escola, poderiam ficar
sentados na área existente sob a sombra das árvores, conversando sobre os
filhos, enquanto os aguardam.
Embora seja simples e propicie uma
melhor qualidade de vida para as cidades, é uma solução esquecida nos projetos
de arquitetura. E é uma solução que deve ser considerada, pois esse espaço
enriquece consideravelmente, tanto um espaço, quanto o outro.
Figura 2 - Espaço semi-público |
Segundo Richard Rogers, "Os
edifícios e seus espaços adjacentes devem se interrelacionar definindo
espaços externos que funcionem como salas sem telhado".
O equilíbrio entre o espaço público e
privado é primordial para a construção da cidadania. São espaços que facilitam
o encontro, a troca de experiências, a interação, a descontração.
Se um espaço pode ser definido como,
público ou privado, devido ao grau de acesso que lhe é permitido, pode-se
observar então um “jogo de espaços que podem ser coletivos e ao mesmo tempo privados.
Ainda no exemplo da escola, podemos
ter uma sala de aula que é privada se comparada ao pátio, e esse pátio é
privado se comparado à rua. No entanto, ao mesmo tempo que esse pátio é coletivo
em relação à sala de aula, ele é privado em relação à rua. Fica nítido então, o
"jogo de espaços".
Figura 4 - "Jogo de espaços" |
Trazendo para a realidade de Campinas,
por exemplo, na Praça Carlos Gomes percebemos perfeitamente estes conceitos,
pois a praça em si, trata-se de um local público, sendo permissível o acesso a
toda a população. Mas, ao mesmo tempo, encontramos nela espaço que podemos
considerar como privado pois o acesso não deve ser permitido, que é o caso dos
canteiros de gramados, os quais não devem ser pisados até mesmo por questões de
ética e preservação do espaço.
Muito bom, ajudou bastante. Obrigada
ResponderExcluirmuito bom, obrigada!
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